O terrível pecado da murmuração
Aos Coríntios o apóstolo Paulo nos alerta acerca do pecado da murmuração: “E não murmureis, como também alguns deles murmuraram, e pereceram pelo destruidor” (1Co 10.10). Infelizmente, essa conduta repetiu-se várias vezes na peregrinação dos israelitas no deserto.
É possível que na citação paulina esteja incluído o ocorrido em Parã quando o povo se recusou entrar na terra prometida porque parte dos espias fizeram toda a congregação murmurar contra Moisés, infamando a terra, e, foram castigados e mortos por meio de uma praga. (Nm 14.2,36-37).
Mas, o incidente na contradição de Coré parece servir melhor ao propósito do apóstolo. A rebelião liderada por Coré era uma murmuração não apenas contra a autoridade de Moisés e Arão, mas também contra o próprio Deus (Nm 16.1,11).
Coré e duzentos e cinquenta aliados questionaram a escolha divina de confiar à liderança do povo e o ministério a Moisés e Arão (Nm 16.2-3). Diante dessa murmuração, os críticos foram submetidos a um teste de santidade.
No dia seguinte Arão, Coré e os 250 revoltosos oferecerem incenso em seus incensários (Nm 16.17-18). Coré trouxe o povo todo para assistir o ritual e colocá-los contra Moisés e Arão (Nm 16.19).
Todavia, enquanto o cerimonial acontecia a terra se abriu e engoliu as tendas, os bens e as famílias dos líderes da rebelião (Nm 16.27,32-33). E, enquanto o povo corria com medo de ser tragado pela terra, fogo do Senhor consumiu os 250 homens que ofereciam o incenso (Nm 16.34-35).
Apesar de o juízo divino ter aberto a terra e enviado fogo contra os murmuradores rebelados, o coração do povo era extremamente obstinado. No dia seguinte tornaram a afrontar Moisés e Arão e lançaram sobre eles a culpa pela morte de Coré, Datã, Abirão e suas famílias e dos 250 príncipes que ofereciam incenso (Nm 16.41-42). Diante dessa teimosia, Deus enviou uma praga que consumiu 14.700 israelitas (Nm 16.49).
Infelizmente, a murmuração foi e permanece frequente em nossos dias: “murmurar contra Deus, ou contra os líderes que Ele designou, resulta no castigo divino… Esse era outro problema que a Igreja de Corinto estava enfrentando” [1].
O significado aqui se refere à falta de ética e a oposição caluniosa regida pela maledicência, discórdia, desonestidade, inveja e difamação. Esse tipo de conduta provoca a ira de Deus (Pv 6.16-19).
Por isso, o alerta bíblico ecoa para quem estiver disposto a ouvir: não murmureis!
Pense Nisso!
Douglas Roberto de Almeida Baptista [2]
Notas
[1] RIBAS, Degmar (Trad.) Comentário Bíblico do Novo Testamento: aplicação pessoal. vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD, 2009. p. 148.
[2] Texto originalmente publicado na obra desse autor: “Valores Cristãos: enfrentando as questões morais de nosso tempo” publicada pela CPAD em 2018.